terça-feira, 13 de janeiro de 2015

HGV registra 300% de superlotação na urgência; obras estão atrasadas



(Reprodução: Internet)

O cenário assusta. Um corredor estreito, que deveria ser apenas rota de passagem, com 94 pacientes. Macas amontoadas, doentes há dias esperando por um leito em condições precárias, parentes sem ter sequer onde se sentar. A descrição é rotina na emergência adulta do Hospital Getúlio Vargas (HGV), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife. A reportagem da TV Globo teve acesso ao local na manhã desta segunda-feira (12) e ouviu uma série de reclamações de pacientes e familiares.

O HGV, há dois anos, passou a fazer parte do programa SOS Emergências, do Ministério da Saúde, e iniciou uma reforma para duplicar a capacidade do setor que atende casos urgentes. A previsão inicial era que a requalificação fosse concluída em maio do ano passado. Mas, até agora, as obras não foram finalizadas.

A emergência, atualmente, tem capacidade para abrigar 50 pacientes, mas abriga 149, de acordo com a ata de ocupação diária do hospital, obtida pela reportagem. O estouro de quase 300% se dá por conta das 94 pessoas que estão nos corredores do setor.

A área vermelha, destinada aos pacientes mais graves, deveria ter apenas quatro doentes, mas conta com nove, mais que o dobro. "Isso não é um hospital, é um cemitério”, define um acompanhante. "Isso é um inferno. Sinto que eu fui para uma guerra, morri e esqueci que morri", comenta outro.

Há casos de pacientes que estão há 12 dias no corredor, sem conseguir vaga em um leito. Há macas espalhadas pelo chão, umas sobre as outras, dificultando a passagem de médicos e funcionários. "A minha mãe tem 83 anos e está prestes a perder a perna se não for operada. Eu me sinto um lixo”, lamenta uma acompanhante.

Mesmo superlotado, o local continua com o plantão aberto a novos pacientes, o que, segundo médicos ouvidos em condição de anonimato, piora a qualidade do serviço prestado. Pela manhã e à tarde, eram 14 médicos na emergências, divididos em cinco especialidades diferentes e que também tinham que dar conta do bloco cirúrgico, também superlotado - o setor onde são realizados as operações tem capacidade para 24 pacientes, mas está com 60.

O investimento do SOS Emergências, programa federal, foi da ordem de R$ 6,6 milhões e prevê o custeio de novos leitos, investimento em infraestrutura e compra de equipamentos.

O que diz o governo
Em nota, a direção do Hospital Getúlio Vargas reconheceu a grande demanda na unidade e disse que a sobrecarga foi motivada pela "grande quantidade de pacientes socorridos durante o último final de semana". O HGV afimou que não recusa pacientes e está com a escala de plantão completa.

A unidade assegurou que, junto com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), está tomando uma série de medidas para agilizar exames, cirurgias e demais procedimentos e realizando a transferência de pacientes para as unidades que atuam como retaguarda do HGV. "A previsão é que a situação retome a normalidade a partir dos próximos dias", apontou a nota.

Ao final, o HGV ressaltou que está passando por uma reforma de reestruturação e ampliação da emergência, que vai dobrar a capacidade do setor. As obras devem concluídas até o final do primeiro semestre e têm um investimento de R$ 5,2 milhões.

Fonte: g1.globo.com

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