sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Brasileiras criam absorvente biodegradável de R$0,02 e disputam final de prêmio na Suécia


 
Camily Pereira dos Santos, 18 anos, e Laura Nedel Drebes, 19, estudam no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS). 
(Foto: Arquivo Pessoal)

A educação transforma – e salva! Camily Pereira dos Santos, 18 anos, e Laura Nedel Drebes, 19, estudam no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), em Osório (RS), e agora se preparam para embarcar para a Suécia, para disputar a final do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo. 

 
Brasileiras criam absorvente biodegradável de R$0,02 e disputam final de prêmio na Suécia. 
(Foto: Arquivo pessoal)

Camily e Laura começaram a desenvolver a pesquisa delas em junho de 2021. O tema? Um absorvente biodegradável. “Tudo começou quando eu estava conversando com a minha mãe e descobri que ela, quando jovem, não teve acesso a absorventes higiênicos. Essa foi a primeira vez que me deparei com o tema da pobreza menstrual”, conta Camily em papo com a Glamour. 

A partir daí, a jovem começou a se questionar se era possível um absorvente feminino que, além de ecológico, fosse acessível às mulheres em situação de vulnerabilidade. E mais: não apenas se questionou, como fez! “Procurei a professora Flávia Twardowski para contar sobre a minha ideia e convidá-la para ser orientadora. Ela marcou uma reunião e sugeriu que a Laura, uma outra orientada sua que pesquisava o desenvolvimento de plásticos biodegradáveis, fizesse parte da equipe”, explica. 

O absorvente 

Camily e Laura, então, desenvolveram um modelo de absorvente feito com materiais descartados pelos agricultores da região a partir das fibras do pseudocaule da bananeira (parte da árvore que é retirada após a colheita dos cachos) e do açaí juçara. A pesquisa, chamada “SustainPads: Absorventes Sustentáveis e acessíveis a partir de subprodutos industriais”, deu origem a uma alternativa barata – o custo é de R$ 0,02 – e ambientalmente sustentável para a confecção de absorventes higiênicos. 

  
Brasileiras criam absorvente biodegradável de R$0,02 e disputam final de prêmio na Suécia.  
(Foto: Arquivo pessoal)

“Não imaginávamos o quão longe poderíamos chegar com a nossa pesquisa. Realmente não tínhamos ideia da proporção que um trabalho de pesquisa desenvolvido por estudantes do ensino médio poderia ter”, diz Laura. 

O prêmio 

O Prêmio Jovem da Água (Stockholm Junior Water Prize - SJWP) acontece anualmente, em Estocolmo, na Suécia, e celebra jovens inovadores entre 15 e 20 anos de mais de 30 países. A seleção dos indicados acontece em duas etapas: uma nacional, realizada em cada um dos países participantes, e outra internacional. 

 
“O sentimento de orgulho em poder levar a ciência jovem feminina brasileira, de estudantes de escola pública, é espetacular", afirmou Laura. 
(Foto: Arquivo Pessoal)

A primeira delas aconteceu no início de junho deste ano no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, integrada à Conferência Internacional Rio 2030, organizada pela ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental), por meio do Programa Jovens Profissionais do Saneamento coordenado por Witan Silva. “Sermos selecionadas como um dos cinco projetos finalistas da etapa nacional já foi algo incrível e inesperado”, inicia Laura. Mas, não parou por aí: elas venceram e vão representar o Brasil na final do prêmio – que irá acontecer no dia 26 de agosto. 

“O sentimento de orgulho em poder levar a ciência jovem feminina brasileira, de estudantes de escola pública, é espetacular. Nossa pesquisa começou para atender uma demanda dentro da nossa comunidade e agora conquistou mais um lugar no mundo”, celebra Laura. 

Para as estudantes, a indicação ao prêmio é resultado do esforço e dedicação que tiveram com o projeto. “Ficamos felizes em dizer agora que a importância desse projeto vai além da questão social: também envolve a pauta do impacto ambiental de absorventes sintéticos, proporcionando uma alternativa mais acessível e ecológica através da utilização de subprodutos industriais aqui da nossa região. Apesar de trabalharmos com poucos recursos, conseguimos mostrar que a Educação e a Ciência é um caminho possível”. Palmas lentas! 

Fonte: glamour.globo.com/lifestyle

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