(Reprodução: Internet)
A paralisação dos rodoviários, iniciada na sexta-feira passada e
retomada ontem, tem um dia de trégua nesta terça-feira. A categoria
promete trabalhar normalmente, diferente do que aconteceu ontem, quando
a classe cruzou os braços das 4h às 8h. Nas ruas, os ônibus circulam
normalmente, sem o registro de incidentes ou protestos.
Hoje, advogados do sindicato dos trabalhadores viajam a Brasília para tentar reverter a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que, julgando favorável ação movida pelo Urbana-PE, derrubou o reajuste de 10%, reduzindo-o a 6%.
No entanto, se eles retornarem ao Recife de mãos abanando, nada garante que motoristas e cobradores vão decidir aceitar a nova realidade, sobretudo porque encontraram uma maneira de fugir do argumento de ilegalidade por descumprimento de medida judicial: vão parar em intervalos como fizeram ontem, complicando, por mais de quatro horas, a vida de quem precisava chegar cedo ao trabalho. Trocando em miúdos, acreditam que poderão escapar da pesada conta cobrada pela Justiça com a justificativa de que não entraram em greve.
Com ou sem grave, o transporte público de passageiros é pedra no sapato dos usuários, diariamente desafiados a conviver com as agruras de uma frota de ônibus ultrapassada em todos os sentidos. Se nem mesmo o órgão que funciona como gestor da área – o Grande Recife Consórcio – sabe explicar a fórmula usada pelos empresários do setor para chegar aos cálculos apresentados (os atuais mostram, segundo eles, um déficit mensal de R$ 7 milhões), significa que o número pode não corresponder nem de perto à realidade. De acordo com o Urbana-PE, seria o sindicato a bancar a operação, retirando de outros itens da planilha de custos o valor defasado.
Algo como pagar para trabalhar? Se fosse, o segmento estaria na contramão de todas as tendências, assinando recibo sobre a própria incapacidade de sobreviver. Mesmo ganhando do estado e das prefeituras do Recife e de Olinda isenção sobre dois dos impostos mais pesados – o ICMS e o ISS –, na compra de veículos e combustíveis, a partir da licitação do sistema de transporte público. A propósito, não é de agora que existe excesso de expectativa e curiosidade em torno da cortina de fumaça atrás da qual repousam dados fundamentais para a população poder entender de onde vem a alegada dificuldade.
Foi o próprio Grande Recife a reconhecer que os empresários bancam os custos do Consórcio, o que resulta numa operação onde fiscalizar e prestar contas acaba virando um pacto (tácito que seja) de ótima vizinhança - onde as partes só compartilham amenidades, nunca responsabilidades.
Enquanto isso, no Via Livre, a operação dos BRT´s se arrasta. Dos sete lotes, apenas dois foram licitados e os grandes corredores (Norte e Sul) ainda não ficaram prontos. Ao lado dos poucos que circulam, seguem os ultrapassados e mal conservados ônibus da frota convencional. É a partir do aspecto da maioria que começam as dúvidas sobre se as “lágrimas” do Urbana-PE fazem sentido. Parece que não.
Fonte: www.diariodepernambuco.com.br
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