Batalhão de Choque foi acionado e entrou na unidade por volta das 9h50 desta terça
(Foto: Marina Barbosa/G1)
Bastaram duas horas para o clima de tranquilidade se esvair do Complexo
Prisional do Curado (antigo Aníbal Bruno), na Zona Oeste do Recife.
Após um início de manhã calmo, informações sobre novos tumultos chegaram
aos familiares que esperam notícias dos detentos nos portões da unidade
nesta terça-feira (20), um dia depois da rebelião que acabou com a
morte de um reeducando e um policial militar. Por volta das 10h, tiros
voltaram a ser ouvidos dentro do presídio. O Batalhão de Choque foi
acionado e entrou na unidade.
O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, João Carvalho,
contou que os internos das três unidades que integram o complexo
quebraram os cadeados das celas e tomaram o pátio do presídio. "O clima é
de turbulência. Os tiros ouvidos são de contenção, para evitar algo
mais grave".
Alguns dos presentes contaram que conversaram ao telefone com os presos
e souberam que a rebelião iria recomeçar. Um dos detentos falou até que
os portões do pavilhão B haviam sido derrubados, mas nenhum agente
penitenciário confirmou a informação. Um dos oficiais relatou apenas que
os detentos ainda estão rebelados e um policial militar disse que
internos atearam fogo em entulhos, mas logo ressaltou que o princípio de
tumulto havia sido controlado com tranquilidade.
Agentes do Grupo de Apoio Tático Itinerante (Gati) da PM também estão
no local. Os oficiais ainda informaram que, como é de costume após a
ocorrência de rebeliões, os presos devem ser novamente revistados nesta
terça.
Já no Presídio Marcelo Francisco de Araújo, vizinho ao primeiro, o
maior movimento é de familiares. Muitas mulheres passaram a noite no
portão da unidade à espera de notícias sobre o estado de saúde dos
detentos. No final da noite de terça, a Seres informou que 29 detentos
estavam feridos. No entanto, às 9h, os agentes penitenciários mostraram
uma lista com 27 nomes para os familiares.
Desses, 14 estão internados
nos hospitais Otávio de Freitas, Getúlio Vargas e Restauração. Outros 12
já receberam alta e estão na enfermaria do complexo. O outro preso foi o
que faleceu na segunda. Mesmo assim, os presos afirmam que houve mais
mortes. A Seres, no entanto, só confirma as mortes do sargento da PM e
de um dos detentos.
Vigília de familiares
Logo no início da manhã, um agente penitenciário apresentou a lista de
detentos feridos para os parentes. De acordo com os agentes, foram 29
feridos e um morto, além do policial morto que foi baleado e não
resistiu ao ferimento. Mesmo assim, muitos continuam em dúvida sobre o
estado de saúde dos internos. "Eles disseram que só foi um morto, mas vi
o carro do IML [Instituto de Medicina Legal] entrar duas vezes. À
noite, teve confusão também. Teve carro da polícia, ambulância", contou a
mãe de um dos internos, Severina Ferreira, 52, que chegou à meia-noite
no Aníbal Bruno.
Segurança foi reforçada após início de novo tumulto no antigo Aníbal Bruno
(Foto: Marina Barbosa/G1)
Geane Alves da Silva, 40, diz que também não confia no balanço
apresentado pelos agentes penitenciários porque ouviu dois tiros durante
a noite. "Por volta da 1h da madrugada, a gente viu uma fumaça, os
policiais andando pelo muro. Ainda ouvi dois tiros. Achei que ia começar
tudo de novo", disse. O Batalhão de Choque foi visto dentro do complexo
no início desta manhã, mas ainda não se sabe se a Polícia Militar já
deixou o presídio.
Tumulto na madrugada
A esposa de um dos presos contou ao G1 que foi presa na madrugada desta terça (20) depois de protestar contra a falta de informação sobre o estado de saúde dos reeducandos. A jovem que preferiu não se identificar disse que escreveu um recado aos policiais no asfalto com mais duas mulheres, mas a ação foi gravada pela câmera de monitoramento da Secretaria de Defesa Social. "Eles chegaram, perguntaram quem fez aquilo e nos levaram para a delegacia, no Centro da cidade. Foram tirando onda o caminho todo. Passei a noite lá, só fui liberada agora pela manhã. Mesmo com fome, cansada e suja, voltei para cá porque preciso saber como meu marido está", afirmou.
A esposa de um dos presos contou ao G1 que foi presa na madrugada desta terça (20) depois de protestar contra a falta de informação sobre o estado de saúde dos reeducandos. A jovem que preferiu não se identificar disse que escreveu um recado aos policiais no asfalto com mais duas mulheres, mas a ação foi gravada pela câmera de monitoramento da Secretaria de Defesa Social. "Eles chegaram, perguntaram quem fez aquilo e nos levaram para a delegacia, no Centro da cidade. Foram tirando onda o caminho todo. Passei a noite lá, só fui liberada agora pela manhã. Mesmo com fome, cansada e suja, voltei para cá porque preciso saber como meu marido está", afirmou.
Agentes do Grupo de Apoio Tático Itinerante (Gati) da PM também estão no local
(Foto: Marina Barbosa/G1)
Por volta das 8h, dois carros da Secretaria Executiva de
Ressocialização chegaram ao portão do Aníbal Bruno. Os agentes
penitenciários informaram que iriam levar detentos para audiências no
Fórum de São Lourenço, Grande Recife. No entanto, as viaturas não
chegaram a entrar no presídio. Uma delas foi embora com os reeducandos
de outra unidade do complexo penitenciário. Já a segunda continua no
portão do Aníbal e quatro de seus oficiais entraram na unidade. Um deles
falou que os detentos ainda estão "rebelados".
Fonte: g1.globo.com
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