(Reprodução: Internet)
Uma substância de combate à Aids desenvolvida por uma equipe
americana se mostrou eficaz durante vários meses nos macacos, abrindo a
perspectiva de um tratamento de efeito prolongado contra o HIV, anunciou
nesta quarta-feira (18) a revista Nature.
"Desenvolvemos um inibidor muito poderoso e de espectro muito amplo
que atua sobre o HIV-1, ou seja, o principal vírus da Aids presente no
mundo", explicou à AFP Michel Farzan, um dos cientistas que coordenou os
experimentos.
A substância desenvolvida é fruto de vários anos de pesquisa
realizada principalmente pelo Scripps Research Institute, um centro de
pesquisa sem fins lucrativos com sede na Flórida e financiado pelo
instituto público de pesquisa americano especializado em doenças
infecciosas NIAID.
Este composto denominado eCD4-Ig oferece uma "proteção muito, muito
forte" contra o HIV, explicou Farzan, com base em um experimento
realizado com macacos e apresentado na revista científica britânica
Nature.
O teste realizado com macacos mostrou que a substância, injetada
apenas uma vez, era capaz de proteger durante ao menos oito meses do
equivalente da Aids para os macacos.
Para garantir o efeito prolongado, o eCD4-Ig foi associado a um vírus
de tipo adeno-associado (AAV), inofensivo mas capaz de introduzir-se
nas células e fazer com que produzam indefinidamente a proteína
protetora capaz de criar um efeito anti-Aids de longa duração.
Após o tratamento com o coquetel, os macacos foram submetidos a doses
da versão símia da Aids (SHIV-AD8). Nenhum animal desenvolveu a
infecção, ao contrário dos macacos não tratados com eCD4-Ig e utilizados
como 'grupo de controle'.
TESTES - Os resultados publicados nesta quarta-feira
na Nature mostram uma proteção eficaz durante pelo menos 34 semanas,
ainda na presença de doses de SHIV quatro vezes superiores às que foram
suficientes para infectar os macacos do 'grupo de controle'.
O experimento será apresentado durante uma grande conferência anual em Seattle (Estados Unidos) na próxima semana.
"Demonstraremos que estes macacos continuam protegidos contra doses
de 8 a 16 vezes superiores à dose infecciosa, mais de um ano depois do
tratamento", afirmou Farzan à AFP.
"Certamente precisamos de novos estudos, tanto nos macacos como nos
seres humanos, antes da possibilidade de testes em grande escala",
insistiu Farzan.
Desde 1981, quase 78 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus
HIV, que destrói as células do sistema imunológico e deixa o corpo
exposto a tuberculose, pneumonia e a outras doenças.
Trinta e nove milhões de pessoas morreram vítimas da doença, segundo estimativas da ONU.
Os medicamentos antirretrovirais desenvolvidos em meados da década de
1990 podem tratar a infecção, mas não conseguem curá-la nem prevenir a
doença.
O tratamento é para a vida toda e tem efeitos colaterais. Para muitos
sistemas de saúde, o custo dos tratamentos se tornou muito caro e pesa
de maneira considerável nos orçamentos.
Fonte: noticias.ne10.uol.com.br
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