quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Parceria entre homem do campo e da cidade preserva a agricultura orgânica em PE


Sítio do agricultor Caetano, em Chã Grande / Foto: Monique Lupe/Divulgação 
Sítio do agricultor Caetano, em Chã Grande. 
(Foto: Monique Lupe/Divulgação)

Você sabe de onde veio o alimento que consome? Quem o produziu? Se você fizer parte de uma Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA), com certeza saberá responder estas perguntas. O CSA é a uma associação sem fins lucrativos que nasceu no Japão nos anos 60 e chegou ao Brasil há quatro anos. A ideia é tão simples quanto sustentável: um grupo de famílias de uma cidade da Região Metropolitana se propõe a custear a produção orgânica de uma família do interior e, em contrapartida, recebe semanalmente os alimentos produzidos naquele sítio.

No Recife, o projeto começou a ser desenvolvido em junho de 2015. Participam dele agricultores de Chã Grande, na Zona da Mata, e cerca de 40 famílias do Grande Recife, chamadas de coprodutoras. De acordo com o gestor do projeto em Pernambuco, Valter França, as CSAs buscam a valorização da agricultura orgânica, sustentável e familiar a curto, médio e longo prazo, além de evitar a saída do homem do campo para a cidade. "A profissão de agricultor está em extinção. A nossa geração não sabe plantar. Com a CSA é possível observar e sentir os ritmos naturais do campo, que segue as fases da lua, do sol, as estações", explica.

Ele ressalta a importância da relação de troca que existe entre o agricultor e o coprodutor: enquanto um se propõe a custear uma produção, assumindo seus riscos e benefícios, o outro sustenta esta família com uma alimentação saudável, livre de agrotóxicos. O gestor do projeto comenta que, do investimento feito pelos coprodutores, grande parte vai para os agricultores."Uma parcela é utilizada no frete para o transporte da produção até a Capital, outra vai para a CSA Brasil (R$ 5), 15% vai para a gestão e o restante é colocado no fundo de reserva, caso haja alguma emergência".

O fotógrafo Jarbas Araújo, de 58 anos, conheceu a CSA durante uma visita ao sítio em Chã Grande e resolveu entrar no projeto. Ele divide a feira de 16 itens entre os quatro membros de sua família. Para ele, o diferencial do projeto é o incentivo à agricultura familiar, apesar de existirem alguns pontos limitadores. "Existem algumas dificuldades. Ter que ir no sábado de manhã cedo e nem sempre a feira fica completa. A qualidade dos produtos é ótima, mas a quantidade nem sempre é suficiente, mas isto faz parte da agricultura orgânica", declara.

Para a executiva Lígia Falcão, de 53 anos, a base do CSA não é o comércio, mas sim a confiança, visto que o consumidor sabe de onde vem o alimento que está consumindo. Em sua casa, duas pessoas dividem a feira de oito itens. "Eu já comprava orgânico na feira das Graças, mas achei a proposta muito interessante, uma nova forma de tratar a terra. É uma saída muito boa, sustentável. Temos a oportunidade de conhecer novas culturas, o processo desde o cuidar da terra até a colheita, tem um lado super educativo", declara. 

E por falar em sustentabilidade, Valter relata que os agricultores, além de seguirem as culturas anuais de frutas e hortaliças, querem incluir na comunidade alimentos cujo plantio seja mais fácil e que requeiram uma quantidade menor de água para ser produzido, como maxixe e quiabo, por exemplo. "Também nos preocupamos com o fator ambiental. Plantar alface tem um custo ambiental muito grande, por isto tentamos substituir por um alimento com o mesmo valor nutricional, mas com um dano ambiental menor".

Com a expansão da CSA Recife, a ideia é que, ainda em 2016, sejam implantados depósitos também em Boa Viagem, Casa Forte e Aldeia. 

SERVIÇO

CSA Recife
Valter França - 99972.3120 (Telefone e WhatsApp)
E-mail: csarecife@gmail.com
Site: http://www.csabrasil.org/csa/

Fonte: noticias.ne10.uol.com.br

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