Gaiola com mosquitos transgênicos machos da empresa britânica Oxitec.
(Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
A Organização Mundial da Saúde
(OMS) declarou apoio nesta terça-feira (16) a testes com mosquitos
geneticamente modificados e com uma bactéria que infecta insetos como possíveis
armas importantes para combater o mosquito Aedes
aegypti, transmissor de zika, dengue, chikungunya e febre
amarela.
"Diante da magnitude da
crise de zika, a OMS encoraja os países afetados e seus parceiros a aumentar o
uso tanto de antigas como de novas formas de controle de mosquito como a mais
imediata linha de defesa", disse a OMS em comunicado.
A entidade também destacou o
potencial da liberação no ambiente de mosquitos machos esterilizados por
irradiação. Para proteger reservatórios de água, a OMS ainda mencionou o uso de
peixes que se alimentam da larva do Aedes aegypti como uma boa alternativa.
Apesar de estimular as novas
tecnologias no combate ao mosquito, a OMS ressalta a importância de
continuidade dos métodos tradicionais de combate ao inseto.
Métodos tradicionais
"A OMS ressalta que a eliminação dos focos de procriação do mosquito é a intervenção mais eficiente para proteger populações", disse o novo comunicado. O documento foi elaborado após uma reunião de um comitê especial de aconselhamento sobre controle de vetores (transmissores) de doenças.
Na visão dos especialistas,
ações como essa, aliadas à aplicação direcionada de inseticidas, foi o que
praticamente eliminou epidemias de dengue e febre amarela entre os anos 1940 e
1960.
A OMS considera a ressurgência
da dengue, junto da chikungunya e da zika, a consequência de décadas de
relaxamento nas medidas de contenção, aliada a um crescimento urbano e rural
desordenado em muitas regiões da América Latina, dificultando o combate a focos
de procriação do inseto. "Comparada com a situação há 50 anos, a incidência
global de dengue se multiplicou por 30", diz o novo documento.
Insetos estéreis
Ao recomendar mosquitos transgênicos, a OMS menciona o sucesso de testes que foram feitos com a tecnologia da empresa britânica Oxitec nas ilhas Cayman, mas não menciona estudos de campo realizados no Brasil. O animal geneticamente modificado -- machos esterilizados -- fecunda as fêmeas no ambiente e as impede de copular com machos saudáveis selvagens.
"Para mosquitos
geneticamente modificados, o grupo de aconselhamento da OMS recomendou mais
testes de campo e avaliação de risco para averiguar o impacto dessa nova
tecnologia na transmissão de doenças", disse o relatório.
O documento não menciona
testes já feitos em Juazeiro (BA) e em Piracicaba (SP), onde a técnica conseguiu
reduzir a população de mosquitos em mais de 80%.
A técnica de uso de mosquitos
machos afetados por radiação usa uma lógica semelhante, mas os insetos são esterelizados por radioatividade em vez de modificação genética.
Ainda não há testes de campo
maiores feitos para avaliar essa estratégia, mas FAO (Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura) e pela Agência Internacional de Energia
Atômica já empregam a técnica para controle de insetos que atacam plantações.
Duas bactérias
O comunicado da OMS pareceu particularmente mais favorável ao uso da bactéria Wolbachia como método inovador de controle, que defendeu como "promissor".
O novo comunicado da OMS cita
dois tipos de patógeno antimosquito sendo usados. Uma das Wolbachias se dirige a suprimir a reprodução do
mosquito. Quando machos infectados pela bactéria copulam com fêmeas, os ovos
resultantes do encontro não vingam.
Outra variedade mais comum de Wolbachia se destina a atrapalhar a habilidade
dos mosquitos de passar adiante o vírus da dengue durante a picada, pois
cientistas descobriram que insetos com a bactéria possuem carga viral menor.
"Mosquitos carregando a
Wolbachia já foram liberados em diversos lugares, incluindo Austrália, Brasil,
Indonésia e Vietnam como parte de estratégias de controle da dengue",
disse o documento.
A OMS diz que testes de campo
de grande escala "vão começar em breve". No Brasil, um teste
organizado pela Fiocruz, na verdade, já começou em três municípios do Rio de
Janeiro. Nesse caso, a ideia é soltar um número relativamente pequeno de
insetos com a intenção de infectar a maior proporção possível da população
local de Aedes.
O uso de peixes contra larvas
do Aedes, diz a OMS, já começou a ser usado de forma piloto em reservatórios de
água em El Salvador.
Fonte: g1.globo.com/pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário