quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Igreja reconhece possível aparição de Nossa Senhora, e Irmã Adélia pode se tornar a primeira santa pernambucana


Irmã Adélia nasceu em Pesqueira, no Agreste pernambucano, em 16 de dezembro de 1922, com o nome de batismo de Maria da Luz Teixeira de Carvalho. 
 (Reprodução: Internet)

A Igreja Católica reconheceu oficialmente ontem, pela primeira vez, que Irmã Adélia, quando criança, pode ter presenciado a aparição de Nossa Senhora em Cimbres, no município de Pesqueira, Agreste de Pernambuco. A presumível aparição ocorreu em 1936 e a admissão foi realizada agora, 85 anos depois. 

O reconhecimento foi registrado em uma Carta Pastoral escrita pelo bispo diocesano de Pesqueira, Dom José Luiz Salles, que será enviada ao Vaticano, em Roma, no próximo mês. O documento será incluído no processo de beatificação e canonização de Irmã Adélia, aberto em 2019 pela Diocese, e que pode fazer da religiosa, falecida em 2013 aos 90 anos de idade, a primeira santa nascida em Pernambuco. 

“A carta pastoral tem uma parte histórica, tem uma parte teológica, uma parte bíblica e uma parte pastoral. Na parte pastoral, é a palavra do bispo dizendo que aquele lugar tem sinais de sobrenaturalidade, que o povo de Deus pode ali acorrer para celebrar e viver a sua fé”, comentou o bispo. 

O documento também descreve milagres atribuídos à Irmã Adélia e, segundo Dom José, demonstra que a experiência vivida pela religiosa não contradiz a fé católica. “Com a carta, agora, a igreja oficializa aquilo que ela já tinha decidido, torna-se oficial, e vai ajudar muito o processo porque é a palavra do bispo dizendo que a experiência que essa religiosa teve é uma experiência válida, não contradiz a fé, que ali (Cimbres) é um lugar de crescimento das pessoas”, disse. “É um lugar que o povo de Deus pode ir, pode rezar, pode fazer as suas devoções”, acrescentou. 

Superiora provincial do Instituto das Religiosas da Instrução Cristã no Brasil, mesma congregação de Irmã Adélia, a Irmã Cleonice Santos conviveu com a religiosa e recorda-se do momento em que ela compartilhou a experiência com as demais freiras. 

“Quando eu era noviça foi exatamente na ocasião que Irmã Adélia sentiu-se apelada por Deus para romper com o silêncio diante de um câncer já em processo bastante acelerado. E foi quando ela solicitou a superiora provincial e a superiora geral para compartilhar conosco, as suas irmãs, essa experiência espiritual que ela teve juntamente com a Maria da Conceição. E ela foi muito ungida ao dizer, e dizia de uma forma muito transparente e profunda, sobre essa experiência que as duas tiveram com Nossa Senhora da Graça”, comentou. 

Cleonice afirmou, também, que, após a conversa, Irmã Adélia e mais 23 religiosas foram à Cimbres e, lá, Adélia teria sido curada do câncer. “O médico havia dado três meses de vida devido ao quadro clínico dela e de fato ela ali teve uma experiência com Maria também e ela dizia que ela pedia a Nossa Senhora que se ela a quisesse viva para cumprir a missão dela de ser servidora dos pobres, ela lhe desse a graça da cura. E se não, se ela já tivesse cumprindo a missão, que ela também se colocaria nas mãos de Deus para fazer a oferta da vida dela”. 

Além da cura da própria Irmã Adélia, a superiora relata que muitas pessoas também afirmam terem sido curadas por ela. “Como a gente vem acompanhando de perto o processo, há muitos relatos, muitos relatos mesmo, vários registros, depoimentos em vídeo, de várias pessoas que já foram curadas. Relatos de crianças, de adultos, e, assim, é tocante ouvirmos tantas pessoas que se achegam a Nossa Senhora, como a própria Irmã Adélia”, frisou. 

História de vida

Irmã Adélia nasceu em Pesqueira, no Agreste pernambucano, em 16 de dezembro de 1922, com o nome de batismo de Maria da Luz Teixeira de Carvalho. No dia 06 de agosto de 1936, ao lado da também jovem Maria da Conceição, presenciou, no meio da serra, a aparição de Nossa Senhora da Graça, que salvou as meninas da aproximação de um grupo de malfeitores, guiando-as em segurança para casa. 

O testemunho do primeiro milagre e as várias outras aparições da Virgem às jovens intrigaram a família, a comunidade e a Igreja. Mesmo analfabetas, respondiam em diversos idiomas aos questionamentos intermediados por elas à Maria. Desacreditadas pela ignorância dos que não queriam crer, foram perseguidas. Posteriormente, tornou-se freira do Instituto das Religiosas da Instrução Cristã, no Recife, cidade em que realizou diversos trabalhos sociais. Irmã Adélia faleceu no dia 13 de outubro de 2013,  na capital pernambucana. 

Fonte: www.folhape.com.br

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